A execução a tiros do segurança Walter França Nunes, de 47 anos, provocou forte comoção entre moradores de Simões Filho e Lauro de Freitas. O profissional foi morto na noite de 28 de novembro, na Avenida Santos Dumont, trecho da Estrada do Coco, durante o expediente como vigilante privado. O caso é apurado pela 23ª Delegacia Territorial.
Além do impacto público, o crime ganhou contornos ainda mais sensíveis no campo familiar. Walter era irmão da primeira-dama Marileide França e cunhado do prefeito Devaldo Soares de Souza, conhecido como “Del”. A família afirma que a tragédia foi vivida como um golpe inesperado em um momento que deveria ser de celebração: no dia seguinte, todos embarcariam para homenagear os 70 anos da matriarca, dona Marivalda França Nunes. A festa deu lugar ao luto.
O silêncio pelo medo, a voz pela justiça
Um dos irmãos da vítima relatou à imprensa que o principal suspeito pelo assassinato é um colega de trabalho, identificado como Frank Silva, que atuava no mesmo posto em posição hierárquica inferior a Walter. O familiar optou por anonimato por cautela, mas reforçou que a decisão de não se expor não enfraquece a cobrança.
“Ele tirou a vida do homem que o ajudou a recomeçar duas vezes. Isso a gente não pode aceitar”, afirmou. Segundo o relato, Walter havia intercedido pelo suspeito em duas ocasiões profissionais, acreditando na recuperação do colega após desligamentos anteriores. O parlamentarismo cotidiano, que envolve correções de postura e procedimentos, teria sido o estopim do conflito fatal. A recriminação a um serviço mal executado teria gerado discussão inicial, encerrada mais tarde com violência física e, em seguida, disparos.
Enquanto exercia a função de coordenar equipes e resolver impasses operacionais, Walter foi surpreendido pela reação do subordinado. O irmão diz que, ao tentar encerrar o desentendimento, acabou agredido com um soco no rosto. No momento em que caiu, ainda conforme o relato, dois tiros foram disparados contra ele, à queima-roupa. A vítima não teve chance de defesa.
Fuga e rastros fragmentados
O suspeito deixou o local logo após o crime. A família diz que ele alterna estadias entre endereços ligados a relacionamentos pessoais no bairro Macaúbas, em Salvador, o que tem diluído suas trilhas e dificultado a localização. Ainda assim, a polícia mantém diligências para a captura e trabalha com informações de múltiplos pontos de possível paradeiro.
A corporação reforça que denúncias podem ser feitas sem identificação, e os parentes também se dirigiram à comunidade com um pedido direto:
“Quem o vir ou o reconhecer, denuncie. Um crime assim começa pequeno, mas pode bater na casa de qualquer um”.
Filhos e comunidade dividem a perda
Walter deixou dois filhos: uma jovem de 21 anos e um menino de 11, que, segundo os familiares, enfrentam o processo de perda sem compreender a brutalidade que encerrou o vínculo com o pai.
“Ele era o cuidador. O menino dormia sabendo que teria o pai na mesa no dia seguinte. Agora estamos tentando fazer o futuro dele caber no que restou”, disse um parente próximo.
Amigos e colegas da segurança privada descreveram Walter como um profissional cuidadoso com regras, firme com responsabilidades e especialmente generoso com quem precisava recomeçar. Moradores do bairro Cristo Rei, em Simões Filho, também lamentaram:
“Não era só um segurança. Era alguém que fazia a comunidade se sentir segura porque ele mesmo era segurança até na conduta”.
A empresa onde ele atuava — cujo serviço atende contratos em regiões metropolitanas da Bahia — informou que colabora com as investigações fornecendo documentos funcionais, escalas e registro de armamento, sempre que requisitada pelos órgãos competentes.
Por Ataíde Barbosa/Foto: Reprodução/Alô Juca


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