O aumento da violência e da sensação de insegurança na Bahia tem impulsionado um mercado que, até pouco tempo atrás, era restrito a empresários, políticos e artistas: a blindagem automotiva. De acordo com a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), a produção média mensal no estado saltou de 22 para 35 veículos no primeiro semestre de 2025, um crescimento de quase 60% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No ranking nacional, a Bahia já ocupa o 6º lugar entre as unidades da federação que mais blindam automóveis. Só em 2024 foram 268 veículos blindados, número que já foi praticamente superado em 2025: nos seis primeiros meses deste ano, 215 carros passaram pelo processo — um avanço de 88% na comparação com 2023.
Segundo João Ricardo Araújo, diretor da SBI Blindagens, uma das principais empresas do setor no estado, os números acompanham a tendência nacional. Ele estima que a produção da empresa cresceu 68% em relação ao ano passado, com demanda não apenas na capital, mas também em cidades do interior, especialmente no oeste baiano.
Para o empresário, a motivação dos clientes é direta: medo da violência.
“É segurança. Muitos motoristas que antes achavam desnecessário hoje procuram a blindagem como forma de proteger a família. O cenário atual faz com que pessoas que nunca consideraram essa opção agora invistam no serviço”, afirmou.
Violência em alta
Os dados de segurança pública ajudam a explicar o fenômeno. O Anuário Brasileiro de Segurança de 2025 revelou que a Bahia voltou a liderar o ranking de homicídios no país, com 6.036 mortes violentas intencionais em 2024. Nove das 20 cidades mais violentas do Brasil estão em território baiano, incluindo Salvador, Feira de Santana, Simões Filho e Camaçari.
A capital se destacou negativamente: superou o Rio de Janeiro e se tornou a capital com maior taxa de mortes violentas, registrando 52 homicídios por 100 mil habitantes no ano passado.
Como funciona a blindagem
A blindagem de veículos é regulamentada e fiscalizada pelo Exército Brasileiro. Existem seis níveis diferentes de proteção, mas o mais utilizado no país é o 3-A, capaz de resistir a disparos de pistolas 9 mm e revólveres calibre .44 Magnum.
O processo exige autorização do Exército e só pode ser realizado por empresas credenciadas. Após a liberação, o veículo é desmontado, recebe camadas de aço balístico e vidros especiais, e depois é remontado. Dependendo do modelo, a blindagem pode ser feita com polietileno, material mais caro, mas que reduz significativamente o peso final do carro.
O serviço leva em média de 40 a 50 dias para ser concluído. Antes de ser entregue ao cliente, o automóvel passa por testes de vedação e desempenho em diferentes condições.
Quanto custa blindar um carro?
Apesar da crescente procura, o investimento ainda é elevado. Segundo a Abrablin, o custo médio varia de R$ 90 mil a R$ 100 mil, dependendo do modelo e do tipo de blindagem. Na Bahia, a SBI Blindagens cobra cerca de R$ 70 mil para veículos compactos, como o Hyundai HB20, R$ 80 mil para sedans médios, como o Toyota Corolla, e em torno de R$ 90 mil para SUVs, como o Toyota SW4.
Em carros de luxo, com opcionais e maior área de proteção, os valores podem ultrapassar R$ 130 mil. Entre os modelos mais blindados no estado estão o Toyota SW4, o Corolla Cross, os Jeeps Compass e Commander, além da Ford Ranger.
Por Ataíde Barbosa/Foto: Divulgação/SBI Blindagens
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