A pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (3) revelou que a maioria dos deputados federais da oposição é contrária a propostas centrais da pauta trabalhista e fiscal do governo Lula. De acordo com o levantamento, 70% dos parlamentares oposicionistas rejeitam o fim da escala 6 por 1, modelo atual de jornada de trabalho que permite apenas um dia de descanso a cada seis trabalhados. A proposta, apesar de ter sido defendida por Lula durante o Dia do Trabalhador, ainda carece de articulação sólida no Congresso.
Atualmente, apenas uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema foi apresentada — de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP). No entanto, o governo federal ainda não assumiu uma posição ativa em sua tramitação, o que limita o avanço da proposta no Legislativo.
Em contraste, a principal pauta econômica do governo para 2026, a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda para até R$ 5 mil, tem forte respaldo entre os parlamentares. Segundo a pesquisa, 88% dos deputados ouvidos são favoráveis à medida, incluindo uma ampla maioria da oposição.
A primeira etapa da reforma já foi aprovada na Câmara dos Deputados, beneficiando contribuintes que recebem até dois salários mínimos. O impacto fiscal da medida, segundo estimativas do governo, deve ser de R$ 3,29 bilhões em 2024, crescendo para R$ 5,73 bilhões em 2027. O projeto agora segue para análise no Senado Federal.
Outro ponto avaliado pela pesquisa é a proposta de excluir o Judiciário do limite de gastos, que também enfrenta resistência significativa: a maioria dos deputados de oposição se posiciona contra essa mudança, indicando dificuldades para o avanço dessa agenda.
A sondagem da Genial/Quaest ouviu 203 deputados federais entre maio e junho, o que corresponde a cerca de 40% da composição da Câmara dos Deputados. Os dados ajudam a traçar o clima político em torno das propostas centrais do governo, apontando para caminhos mais viáveis — como a reforma do Imposto de Renda — e outros que ainda enfrentam forte resistência, como a revisão da jornada de trabalho.
Por Ataíde Barbosa/Foto: Saulo Cruz/Agência Senado
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