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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Músicos baianos enfrentam atrasos e calotes em cachês pagos pelo governo estadual


Diversos músicos da Bahia relatam dificuldades para receber pagamentos referentes a apresentações contratadas pelo Governo do Estado, por meio da Superintendência de Fomento ao Turismo (Sufotur), órgão que sucedeu a extinta Bahiatursa. Artistas afirmam que, em alguns casos, os valores devidos somam anos de espera e prejuízos financeiros significativos.

O cantor Gernàrd Melo foi um dos que tornou pública a situação nesta semana, denunciando que o governo estadual lhe deve cerca de R$ 200 mil, referentes a seis shows realizados em Salvador e no interior do estado. A apresentação mais recente aconteceu durante o São João do ano passado, no Pelourinho, mas há cachês não pagos desde 2018 e 2019.

O atraso afetou de forma significativa a vida financeira de Gernàrd. Para custear os shows, ele tomou um empréstimo de R$ 50 mil, arcou com despesas de viagens e contratação de músicos, mas não recebeu o retorno esperado. 

"Nós acreditamos que é possível viver da música, mas situações como essas são desmotivadoras. Fiquei com uma dívida de R$ 50 mil e entrei em depressão", relata o cantor.

Outros artistas também se manifestaram, revelando que cachês de menor valor, como o do forrozeiro Valney José, que deveria receber R$ 8 mil por uma apresentação no Parque de Exposições durante o São João, também não foram pagos. Muitos relatam medo de represálias e de não serem mais contratados caso denunciem a situação.

Segundo o advogado Paulo Aguiar, especialista na defesa de artistas, a prática é recorrente e remonta à gestão da Bahiatursa. "Bandas e músicos são contratados com verba pública, mas enfrentam enorme dificuldade para receber os valores devidos. Alguns casos são de apresentações feitas em 2018 e 2019 e ainda não foram pagos", explica.

Além dos atrasos, há denúncias de favorecimento de determinadas atrações e irregularidades na contratação, incluindo pedidos de emissão de notas fiscais falsas para garantir shows com verba pública. O Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE) já desaprovou as contas da Bahiatursa nos anos de 2019, 2022, 2023 e 2024, destacando irregularidades que resultaram em determinação de devolução de recursos por ex-gestores.

Com a recente mudança na Sufotur, que agora está sob comando de Gustavo Stelitano Lira Gonçalves, artistas e representantes aguardam uma solução para o pagamento dos valores atrasados e maior transparência na gestão das contratações culturais.





Por Ataíde Barbosa/Foto: Phlipe Sampaio/Divulgação

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