A violência digital consolidou-se como uma das formas mais frequentes de agressão contra mulheres no Brasil e já atinge um patamar considerado alarmante por especialistas. Nos últimos doze meses, 8,8 milhões de brasileiras — cerca de uma em cada dez mulheres com 16 anos ou mais — relataram ter sofrido algum tipo de ataque virtual. Os dados fazem parte da nova edição da Pesquisa Nacional de Violência Contra a Mulher, conduzida pelo DataSenado em parceria com o Observatório da Mulher.
O estudo revela que as práticas mais recorrentes envolvem mensagens insistentes com teor ofensivo, intimidador ou ameaçador, enviadas principalmente por meio de aplicativos de conversa e redes sociais. Para pesquisadoras que acompanham o tema, esse tipo de violência se espalha de modo silencioso e, muitas vezes, contínuo, dificultando a identificação dos agressores e ampliando a sensação de exposição e insegurança das vítimas.
Além de atacar a autoestima e a saúde emocional das mulheres, as agressões virtuais têm impacto direto em sua vida social e profissional. Em muitos casos, as vítimas relatam ter abandonado espaços digitais, restringido relações ou modificado rotinas por medo de novas investidas. Especialistas alertam que a escalada desse tipo de violência também demonstra a necessidade de fortalecer mecanismos de investigação, responsabilização e apoio psicossocial.
A pesquisa, que chega à 11ª edição e celebra 20 anos de acompanhamento ininterrupto, ouviu 21.641 mulheres de todas as unidades da federação entre maio e julho deste ano. O levantamento tem margem de erro de 0,69 ponto percentual, reforçando a robustez dos resultados e o alcance nacional do diagnóstico.
Com a consolidação dos ambientes digitais como parte essencial da vida cotidiana, os pesquisadores defendem que o combate à violência online exige políticas públicas específicas, campanhas de informação e ações integradas entre órgãos de segurança, plataformas digitais e sociedade civil. O desafio, alertam, é garantir que a internet seja um espaço de liberdade — e não mais um território de medo para as mulheres brasileiras.
Por Ataíde Barbosa/Foto: Freepik


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