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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

Ceará reage às tarifas impostas pelos EUA e decreta situação de emergência econômica

O governo do Ceará publicou, nesta quinta-feira (4), o Decreto nº 36.828/2025, estabelecendo medidas emergenciais para enfrentar os impactos das tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros desde agosto. O texto, assinado pelo governador Elmano de Freitas, reconhece oficialmente a situação de emergência decorrente do aumento tarifário e abre espaço para a adoção de ações coordenadas de defesa econômica em favor de trabalhadores e empresas exportadoras.

O estado é o mais exposto à nova política americana: mais de 44% das exportações cearenses têm os EUA como destino, especialmente em setores como siderurgia, fruticultura, pescados, pás eólicas e derivados agroindustriais. Contudo, os produtos locais ficaram quase totalmente fora das exceções concedidas pelo decreto norte-americano. Estima-se que mais de 90% da pauta exportadora cearense esteja diretamente afetada pela medida.

Para mitigar os efeitos imediatos, o governo estadual abriu um edital de apoio a empresas de alimentos, com inscrições até esta sexta-feira (5). O programa prevê a compra governamental de produtos como mel, castanha, filé de peixe, água de coco e cajuína, desde que as empresas comprovem queda nas exportações para os EUA em comparação com a média do segundo semestre de 2024.

Escalada política e comercial

As sobretaxas impostas por Washington se inserem em um cenário mais amplo da chamada “guerra comercial” do presidente Donald Trump contra parceiros estratégicos. Além das barreiras a bens brasileiros, o governo americano também abriu uma investigação sobre o Pix e impôs sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Moraes é relator do processo que apura a tentativa de golpe de Estado liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados, após as eleições de 2022. O caso inclui os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas em Brasília. Para Trump, Moraes estaria perseguindo Bolsonaro e restringindo a liberdade de expressão ao exigir que plataformas digitais americanas cumpram decisões da Justiça brasileira.

A crise ganhou contornos diplomáticos mais graves após a inclusão do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que vive nos EUA desde março, entre os indiciados por coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. O ex-presidente Jair Bolsonaro também foi enquadrado nos mesmos crimes.

Impactos locais

Diante desse cenário, o governo cearense busca estratégias para amortecer os efeitos da crise comercial sobre sua economia. O decreto estadual reforça a intenção de mobilizar recursos públicos, estimular alternativas de escoamento da produção e garantir renda para setores altamente dependentes do mercado norte-americano.

Segundo especialistas, caso não haja revisão da política tarifária dos EUA, o Ceará pode enfrentar um dos maiores desafios econômicos de sua história recente, com repercussões diretas no emprego e na balança comercial regional.




Por Ataíde Barbosa/Foto: Vosmar Rosa/MPOR

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