O Mês de Abril é celebrado o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU). As campanhas de conscientização visam dar visibilidade ao transtorno e promover o auxílio aos portadores, pois no Brasil há mais de 2 milhões de autistas.
Durante entrevista ao PN, Juciane Guimarães - Enfermeira Mestra e Doutora em Ciências da Saúde, falou sobre o Autismo.
"O transtorno do espectro autista, hoje, ele está entre os cinco transtornos globais do desenvolvimento. Na verdade, o desafio maior nosso é com relação à adaptação ambiental, da estrutura física mesmo, e do acolhimento a esses pacientes. Trata-se de um distúrbio do neurodesenvolvimento, com alterações cerebrais, estruturais e também funcionais, além de metabólicas e celulares. Hoje, o que se sabe é que é de origem genética. Estão envolvidos nesse processo, nessas alterações, mais de 400 genes, entre outros. E hoje, alguns estudos trazem a incidência de uma para cada 30 crianças com o diagnóstico de transtorno do espectro autista. Nos Estados Unidos, esse número é um pouco maior, de 36 para 1, mas já existem estudos mais recentes, onde eles apontam a incidência de 1 para cada 28", explicou.
A profissional destacou ainda, os sintomas do autismo.
"Na verdade, o autismo se trata, o transtorno do espectro autista, assim definido pelo DSM-5, como espectro único, é um conjunto de sinais e sintomas, sim. Onde a gente tem dois pilares importantes. Um pilar está relacionado à interação social, às dificuldades que esse paciente tem de comunicação. Alguns apresentam atraso na fala, outros são até pacientes crianças não verbais. Outro ponto importante é a presença de comportamentos restritos, estereotipados dessas crianças. Algumas fazem movimentos repetitivos com as mãos, algumas andam na pontinha dos pés, entre outros", pontuou.
Juciane ressaltou ainda, sobre o diagnóstico do autista.
"Então, o diagnóstico, na verdade, ele precisa ser feito de forma mais segura, obviamente, pela equipe multidisciplinar. Na verdade, existe um rastreio, onde é preciso observar as sutilezas dos sintomas, né? Mas existem exames de imagens que podem sinalizar exatamente as áreas cerebrais, dessas estruturas cerebrais, as áreas que foram alteradas. E que vão impactar e dificultar nessas conexões", afirmou.
Por fim, a profissional explicou sobre o manejo assistencial ao paciente com autismo.
"Na admissão do paciente é importante tanto a equipe de enfermagem, quanto a equipe de fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia, enfim, a equipe multidisciplinar. Tentar coletar o máximo de informações no histórico desse paciente e tem algumas informações extremamente importantes, né? Que podem nortear o plano terapêutico. É saber como esse paciente se desregula, né? Porque o paciente autista, quando ele se desregula, ele apresenta alguns pródromos, né? Alguns sinais que a família consegue identificar prontamente. Então é importante coletar essas informações, saber o que a família normalmente faz para acalmar esse paciente. E outra informação importante para a equipe de saúde é procurar saber desse familiar como é que esse paciente reage à dor. São informações extremamente importantes que podem guiar a nossa conduta, né? E outro ponto importante para a equipe de nutrição é se inteirar sobre a seletividade alimentar dessa criança. Porque muitas apresentam seletividade, que é diferente de preferência alimentar. Tem um ditado que fala muito assim, casa que tem comida, criança não morre de fome, né? Mas eu vou lhe dizer uma coisa. Depende muito do tipo, do grau desse autismo, né? Se é uma criança com grau severo ou se é uma criança que tem muita seletividade alimentar, ela vai morrer de fome. Mesmo tendo a comida ali do lado, ela morre de fome", concluiu.
Por Ataíde Barbosa
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